Equipamentos Eficientes por Lei

Além dos motores elétricos, ventiladores de teto, ar condicionado e transformadores terão eficiência energética mínima regulamentada por portarias.

Há um método para economizar muita energia que começa a ser mais considerado na política energética nacional. Trata-se da regulamentação da fabricação, comercialização e importação de aparelhos e equipamentos consumidores, que passam a ter com as normas legais índices mínimos de eficiência energética. Em resumo, é uma maneira de obrigar por lei que os produtos saiam das fábricas (seja lá onde elas estejam) com nível de consumo minimamente aceitável.

Motores Elétricos

A primeira ação nesse sentido no Brasil ocorreu com o equipamento considerado o maior vilão do consumo: o motor elétrico trifásico, utilizado em máquinas industriais é responsável, segundo o Plano Nacional de Eficiência Energética, do MME, pelo consumo de 30% da energia elétrica nacional, tendo em vista que a indústria consome 43,7% de toda a energia do país e a força motriz representa cerca de 68% disso. De acordo com nota técnica da EPE, essa operação representa um potencial de redução de consumo de 15 TWh/ano, ou por volta de 3% do consumo nacional.

A regulamentação sobre esses motores elétricos (tecnicamente chamados de trifásicos de indução rotor gaiola de esquilo) começou com a edição da Lei 10.925, de 17/10/2001, regulamentada por portaria interministerial 553, de 8/12/2005, que determinou os índices de referência mínimos IR2 para motores fabricados, comercializados ou importados de 1 CV a 250 CV a partir de dezembro de 2009. Mas, para o setor, o maior avanço ocorreu no ano passado, com a publicação da portaria interministerial MME/MCT/MDIC número 1, de 29/6/2017, que ampliou a exigência para motores com potência de 0,16 CV a 500 CV (o que abarca cerca de 80% do mercado) e que passou a usar como índices mínimos de eficiência o padrão internacional IR3, os considerados motores Premium, emulando com o que ocorre em muitos países desenvolvidos. Motor de Alto Rendimento: como escolher?

recondiconamentoA nova portaria estabeleceu o prazo de dois anos, a contar da publicação, o que significa que sua determinação passará a valer a partir de junho de 2019, prazo em que os fiscalizados (pelo Inmetro) precisarão estar adequados. A medida estendeu ainda a exigência para motores recondicionados, o que na prática torna a aplicação da portaria mais difícil de ser cumprida (na própria lei há a determinação de que o Inmetro crie medida regulatória para isso). Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Manutenção (Abraman), a indústria nacional tem um parque de motores muito velho, de 16 anos em média, em relação a metade disso em países como a Alemanha. Isso reflete a prática nacional de procurar a barata e ineficiente solução de recondicionar motores, que na maioria das vezes não atendem ao índice IR2 pedido pela portaria de 2005. Recondicionar um Motor Elétrico com Defeito ou Adquirir um Motor Novo?

Transformadores de Distribuição

Os transformadores de distribuição, que são reconhecidos como grandes responsáveis por perdas de energia em razão da idade adiantada de seu parque instalado, com média de 30 anos. A regulamentação para transformadores de distribuição, com suas metas de eficiência e demais detalhes que foram objeto das sugestões estão na portaria Interministerial 104 de 22 de março de 2013. Para especialistas, a regulamentação vem mais do que em boa hora. Isso porque a estimativa é de que as perdas elétricas na rede de distribuição a correspondam a 15% da energia, sendo que os transformadores de distribuição de média tensão tem participação aproximada de 1/3 do total, ficando atrás somente das perdas nos condutores e circuitos. O uso de transformadores mais eficientes está relacionado com a diminuição de perdas em dois componentes: o núcleo e os enrolamentos de cobre. Este último aspecto tem a ver com boa parte dos equipamentos, com destaque para os motores, uma vez que o uso do cobre aumenta a eficiência energética. Transformadores Eficientes são Indispensáveis na Distribuição de Energia Elétrica

Para a gerente de marketing do Procobre, Renata Honda, as regulamentações são fundamentais para estimular a troca de motores e transformadores, por criarem uma base de ação legal a favor dos equipamentos eficientes. Segundo Renata, as concessionárias de energia também precisam ser remuneradas pela eficiência do sistema, uma vez que atualmente elas não ganham nada a mais se evitarem perdas. Outro aspecto relevante é a fiscalização, frisa Renata. Em sua opinião, o Inmetro não tem condições de vigiar fabricantes, importadores, portos, etc. Nesse caso, a solução é realizar parcerias com associações e outras entidades privadas, que serviriam como auxiliares no controle.

Matéria extraída da Revista Brasil Energia – junho/2018. Clique aqui e leia a reportagem na íntegra.